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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Lançamento Mundial do livro: "Alabardas" de José Saramago


Eu estive lá. Entrei naquele Teatro com uma vontade imensa de voltar ao passado para resgatar o autor do livro. Saramago mantém viva a chama literária que ainda hoje consumo regularmente. Como costumo dizer, na minha escrita existe a influência de escritores vários, mas um sentimento maior paira apenas sobre dois. Fernando Pessoa, na Poesia; José Saramago, na Prosa.

Apesar de se apresentarem mediante diferentes registos literários, dois géneros bem distintos, têm algo em comum. Ambos têm a alma repleta de indagações que deixam transbordar cá para fora. Na escrita, mais importante do que a eloquência das palavras, é o seu conteúdo. E é no conteúdo, que poucos lhes conseguem fazer frente.

E já que falamos de fazer frente, é importante frisar a importância de se fazer frente ao estabelecido. Saramago era um homem que fazia questões. Questionava-se sobre a vida humana, os valores sociais, as nossas heranças políticas, questionava-se sobre coisas que não lembram a ninguém. Era um fenómeno, como todos sabemos. No meu entender, José Saramago tinha uma missão, um objectivo bem definido do que tinha para fazer enquanto ser humano. Essa missão, penso eu, ainda não terminou.

Mas falemos do seu mais recente e último livro, que ficou inacabado. Inacabado na história que ele queria contar, mas eterno naquilo que Este nos permitirá questionar nos dias de hoje, ou séculos mais tarde.

O livro que tenho em Mãos, trata-se de uma história ficcional mas de interesse geral. Uma dúvida bailava na cabeça do Escritor: "Porquê nunca houve uma greve numa fábrica de armamento? ". Uma excelente questão, sem dúvida. Há greve dos transportes públicos, greve das forças de segurança, greve dos sindicatos das fábricas, greves, greves, greves,... muitas até, que são desnecessárias. Mas porque motivo afinal, nunca aconteceu uma greve "numa fábrica de armamento"? Ou será que houve e ninguém soube? E, por que é mais fácil fazer guerra, do que fazer paz? Estas eram as questões que preocupavam Saramago.

No seu livro "Alabardas", José Saramago dá voz às suas dúvidas através de uma história relevante para os nossos dias. Só é pena, de facto, não ter conseguido terminar o seu raciocínio antes de falecer. Após a leitura do inacabado Romance, podemos imaginar o final que Saramago desejava. Através das suas inquietações, mesmo sem poder terminar a história, podemos saber a resposta.

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